"Se precisar, peça ajuda!": Setembro Amarelo e a luta contra o estigma da saúde mental

Hodirley Canguçu/Esmat

A sociedade ainda hoje lida com a depressão e com o suicídio de maneira cautelosa. Essas questões permanecem estigmatizadas, não apenas por seu peso emocional, mas também porque desafiam o conforto das narrativas convencionais sobre saúde e bem-estar. Aristóteles, há séculos, já questionava: "Pode o ser humano tratar injustamente a si mesmo?". E foi durante a palestra realizada na tarde dessa quinta-feira (26/9) no auditório do Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins (TJTO), que o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo da Silva, conduziu diversas reflexões sobre os estigmas em torno da saúde mental.

Abertura

Na abertura do evento, a desembargadora Ângela Prudente, vice-presidente do TJTO, ressaltou a importância de agir diante dos alarmantes dados sobre o suicídio, responsável por mais de setecentas mil mortes anualmente.

"Esses números, por si sós, nos convocam à ação, mas é essencial lembrar que, por trás de cada estatística, há uma vida e uma história. O lema da nossa campanha, “Se precisar, peça ajuda!”, reforça que buscar apoio é um ato de coragem, e a informação é o primeiro passo para compreendermos o que estamos enfrentando e para que possamos oferecer ajuda àqueles que travam essa batalha interna diariamente", afirmou a desembargadora.

Ângela também destacou o recente acordo de cooperação técnica firmado entre o TJTO e a ABP, que tem como objetivo desenvolver e implementar ações voltadas à saúde mental dos(as) integrantes do Poder Judiciário Tocantinense, reforçando o compromisso da instituição com o bem-estar de seus membros.

O psiquiatra Leonardo Baldara, presidente da Associação Tocantinense de Psiquiatria, enfatizou a gravidade dos transtornos mentais, apontando que "a Organização Mundial da Saúde estima que uma em cada oito pessoas sofre de algum transtorno mental. Essa é uma questão séria, que impacta diretamente a mortalidade entre os jovens. Precisamos garantir que os pacientes busquem ajuda e tenham acesso a diagnósticos adequados".

Na sequência, o psiquiatra Wordney Carvalho Camarço destacou a atuação do Núcleo de Acolhimento e Acompanhamento Psicossocial (Napsi), qualificando-o como um serviço de vanguarda. “O Napsi é um serviço de vanguarda, como gosto de dizer. Enquanto o sistema de saúde mental no país, em geral, foca em apagar incêndios e prestar assistência médica, nosso modelo, inspirado no Tribunal de Justiça de São Paulo e trazido para cá, busca ir além. Trabalhamos principalmente na promoção da saúde e na prevenção do adoecimento laboral, evitando que as crises se tornem inevitáveis", mencionou.

Setembro Amarelo: promover saúde e prevenir doenças mentais

Em sua palestra, Antônio Geraldo da Silva, presidente da ABP, abordou a relevância da campanha Setembro Amarelo, a maior campanha antiestigma do mundo, que visa conscientizar a população de que o suicídio pode ser prevenido por meio da disseminação de informações corretas e responsáveis.

Em sua fala, ele pontuou que 96,8% dos casos de suicídio estão relacionados a doenças mentais não tratadas ou tratadas de forma inadequada. Entre os principais gatilhos, além das doenças mentais como depressão, esquizofrenia e transtornos de personalidade, o abuso de álcool foi apontado como um fator significativo.

Antônio Geraldo ressaltou que seu objetivo não era alarmar o público, mas sim trazer uma mensagem, de que a informação é a chave para a prevenção do suicídio. Ele também sublinhou a importância de práticas preventivas, como o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, atividade física regular, alimentação adequada, fortalecimento de laços sociais e momentos de lazer.

 

Ao falar sobre os efeitos da pandemia de Covid-19 na saúde mental, o palestrante explicou que, no período pós-pandemia, o suicídio é responsável por 12,5% das mortes entre adolescentes e adultos jovens no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Antônio concluiu frisando que falar sobre saúde mental é essencial, mas deve ser feito com responsabilidade, visto que até profissionais capacitados(as) lidam com cautela ao tratar desse tema sensível.

Na ocasião, a Diretoria da Associação Tocantinense de Psiquiatria outorgou ao doutor Antônio Geraldo da Silva o título de associado honorário, em reconhecimento aos relevantes serviços prestados à psiquiatria.

Dia Nacional do Surdo

Celebra-se, no dia 26 de setembro, o Dia Nacional do Surdo, criado para promover reflexões sobre as conquistas e desafios enfrentados pelas pessoas surdas no Brasil. A Esmat, em conjunto com o Judiciário tocantinense, destaca que eventos como este contam com recursos de acessibilidade, como a presença de intérpretes de libras.


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